Qual é o problema do Modernismo e da Arquitetura Contemporânea?
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Qualquer pessoa que se interesse pelos temas Arquitetura e Urbanismo, e que tenha um mínimo de senso estético (nem todos têm), vai admitir que obras arquitetônicas mais antigas, aquelas que desde sempre procuraram fugir do caos e da irregularidade das linhas naturais e, baseando suas obras na busca da ordem e da simetria, alcançavam resultados com inegável apelo estético.
Vai admitir que até mesmo o funcionalismo modernista possuía uma essência estética particular, muito bem justificada na função dos edifícios, que contribuiu em muito para o desenvolvimento da Arquitetura, tanto em saber até onde ela pode ir, e a partir de onde não deve avançar.
Porém muitos arquitetos pós-modernistas e contemporâneos não aprenderam com esta última afirmação: a partir de onde não avançar, do que não se deve fazer.
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Eu sou um fã da arquitetura remanescente da Escola de Belas Artes, também conhecida como Segundo Império ou Neobarroco, denominada de forma pejorativa no Brasil como eclética.
Minha bronca com o modernismo do século XX nem é tão estética. E sim com o desrespeito revolucionário ao antigo, ao já realizado.
Entretanto, não sou radical. Admito que o modernismo alcançou bons resultados estéticos, especialmente com a estética Art Déco, mas também com a austeridade do International Style. Há que se reconhecer que também o modernismo brasileiro, com Niemeyer realizou obras esteticamente marcantes.
Acho sim, que a mudança da sede do Senado Brasileiro do Palácio Monroe para a Oca indígena de Concreto atual não foi uma boa troca. Mas isso é outro assunto, a capital brasileira JAMAIS deveria ter sequer saído do Rio de Janeiro, pois, como vimos depois de 60 anos, esta nova capital não contribuiu em nada para melhorar nosso papel terceiromundista no mundo, enfim.
Há que se reconhecer que o conjunto arquitetônico de Brasília tem seu valor, até mesmo, como falei, como aprendizado para a Arquitetura mundial.
Mas a desgraceira estética arquitetônica começou de fato com o pós-modernismo, e com as EXPERIMENTAÇÕES contemporâneas. Sim porque certas obras não passam de experimentalismo, não dá pra chamá-las de “arquitetura”.
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Arquitetos contemporâneos parecem crianças brincando de Lego. Parecem escultores megalomaníacos – com o devido gosto contemporâneo pelo estranho e pelo esquisito, do tipo que querem que as pessoas entrem em suas esculturas.
O fato aqui é:
Certas obras contemporâneas são feias.
FEIAS.
Horrorosas, monstruosas, bizarras, medonhas.
São antipáticas. Constrangem e diminuem as pessoas, em vez de acolhê-las.
Alguém precisa dizer que o rei está nu. Alguém precisa defender o óbvio.
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A Tríade Vitruviana foi apresentada por Vitrúvio como os três elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas – que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura – a utilitas – que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo – e a venustas – associada à beleza e à apreciação estética.
Em outras palavras, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e estável (firmitas), possuir uma função (utilitas) e for, principalmente, bela (venustas).
Note que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos fundamentos mais polêmicos das várias definições da arquitetura.
Os infelizes cidadãos do séculos XXI sabem bem disso.
O problema da Arquitetura Contemporânea não é o estilo; não é o desligamento completo com as tradições clássicas. Não é a hiper-geometrização modernista, ou a super-fragmentação pós-moderna das formas e volumes, ou a irregularidade caótica ou o escultorismo monumental recente;
O problema da Arquitetura Contemporânea é a incapacidade de muitos dos arquitetos contemporâneos de alcançarem composições estéticas atraentes, independente da linha em que trabalham; é a FALTA DE TALENTO para criar algo bonito, atraente, verdadeiramente instigante, e não meramente chocante. É sobretudo, o juízo ideológico que adotam de que a arquitetura não precisa ser bonita e sim, que precisa ser impactante, extravagante.
Mas neste caso, se o que se quer é demonstrar extravagância, deve-se fazer como sugeriam os antigos: Quer chamar atenção? Então pinta a bunda de vermelho e sai na rua.
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Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta. Nelson Rodrigues
~ O novo normal ~
Estilos arquitetônicos antigos duravam séculos.
A arquitetura modernista estrita, sob certo ponto de vista, durou apenas algumas décadas.
Depois dela, surgiram nomenclaturas que intentavam diferenciar novos movimentos, do movimento moderno original: orgânica, international style, brutalista, minimalista, high-tech, futurista,pós-moderno, neomoderno.
Cada qual com suas peculiaridades e tal.
Mas esteticamente, praticamente tudo a mesma bosta.
O leigo olha prédios considerados “modernos”, ou “pós-modernos” e mal sabe distinguir o quê é o quê, porque a ~ liberdade criativa ~ atual nivela tudo por baixo. Tudo é arte.
Mas se tudo é arte, a arte nada se torna.
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Da mesma forma, se qualquer coisa pode ser arquitetura, então temos um problema.
Modernistas do século XX declararam independência dos ornamentos clássicos, focando na função e na utilidade racional dos edifícios. Ok, vá lá.
Mas provando que não há nada tão ruim que não possa piorar, os pós modernistas declararam independência da racionalidade.
(Seagram Building – New York)
Eles querem causar.
E conseguiram a proeza de me fazer considerar a arquitetura do século XX algo bem aprazível, até…
Arquitetos – os Starchitects – estão deslumbrados, completamente desconectados dos anseios do povo comum, que, como bons progressistas que são, pensam defender, pensam que sabem o que é melhor para as pessoas, mas quanto mais agem, mais delas e de seus anseios se afastam.
Obras Contemporâneas Bonitas?
Sim. Temos.
Graças a Deus, a maioria das obras acima são poucas, “conceituais”. A maioria dos Arquitetos atuais, apesar de estarem contaminados pelo vírus do ideologismo anti-classicismo, priorizam fachadas minimamente aceitáveis: Residenciais com cara de residenciais.
Certa linha de edifícios contemporâneos vem considerando a necessidade de alguma composição visual pensada para agradar também aos olhos de quem é obrigado a conviver com esses monumentos que ocuparão para sempre o espaço da rua e do ar acima dela, e não só para agradar os bolsos dos empresários que os financiam, nem ao gosto duvidoso dos starchitects.