Qual é o problema do Modernismo e da Arquitetura Contemporânea?

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Qualquer pessoa que se interesse pelos temas Arquitetura e Urbanismo, e que tenha um mínimo de senso estético (nem todos têm), vai admitir que obras arquitetônicas mais antigas, aquelas que desde sempre procuraram fugir do caos e da irregularidade das linhas naturais e, baseando suas obras na busca da ordem e da simetria, alcançavam resultados com inegável apelo estético.

A Beaux-arts do Astor Hotel - Nova York

A Beaux-arts do Astor Hotel – Nova York – Um verdadeiro Palácio

Vai admitir que até mesmo o funcionalismo modernista possuía uma essência estética particular, muito bem justificada na função dos edifícios, que contribuiu em muito para o desenvolvimento da Arquitetura, tanto em saber até onde ela pode ir, e a partir de onde não deve avançar.

One Liberty Plaza - John Cahill

One Liberty Plaza – Nova York

Porém muitos arquitetos pós-modernistas e contemporâneos não aprenderam com esta última afirmação: a partir de onde não avançar, do que não se deve fazer.

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Eu sou um fã da arquitetura remanescente da Escola de Belas Artes, também conhecida como Segundo Império ou Neobarroco, denominada de forma pejorativa no Brasil como eclética.

Minha bronca com o modernismo do século XX nem é tão estética. E sim com o desrespeito revolucionário ao antigo, ao já realizado.

Demolição do Palácio Monroe

Demolição do Palácio Monroe

Entretanto, não sou radical. Admito que o modernismo alcançou bons resultados estéticos, especialmente com a estética Art Déco, mas também com a austeridade do International Style. Há que se reconhecer que também o modernismo brasileiro, com Niemeyer realizou obras esteticamente marcantes.

Senado Antigo e Atual

Acho sim, que a mudança da sede do Senado Brasileiro do Palácio Monroe para a Oca indígena de Concreto atual não foi uma boa troca. Mas isso é outro assunto, a capital brasileira JAMAIS deveria ter sequer saído do Rio de Janeiro, pois, como vimos depois de 60 anos, esta nova capital não contribuiu em nada para melhorar nosso papel terceiromundista no mundo, enfim.

Palácio do Planalto - Brasília

Palácio do Planalto – Brasília

Há que se reconhecer que o conjunto arquitetônico de Brasília tem seu valor, até mesmo, como falei, como aprendizado para a Arquitetura mundial.

O fetiche pelo pano torcido

O fetiche pelo pano torcido

Mas a desgraceira estética arquitetônica começou de fato com o pós-modernismo, e com as EXPERIMENTAÇÕES contemporâneas. Sim porque certas obras não passam de experimentalismo, não dá pra chamá-las de “arquitetura”.

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É pra projetar isso que seu pai pagou sua faculdade?

Mamãe, papai, olha que legal a casa que eu desenhei

Arquitetos contemporâneos parecem crianças brincando de Lego. Parecem escultores megalomaníacos – com o devido gosto contemporâneo pelo estranho e pelo esquisito, do tipo que querem que as pessoas entrem em suas esculturas.

Alex Chinneck – A sprinkle of night and a spoonful of light

Ah! um zíper, né. Certo. Legal. Muito bem. Muito “criativo”.

O fato aqui é:

Certas obras contemporâneas são feias.

FEIAS.

Horrorosas, monstruosas, bizarras, medonhas.

São antipáticas. Constrangem e diminuem as pessoas, em vez de acolhê-las.

O modernismo caga por onde passa (comentário em grupo do Facebook)

“O modernismo caga por onde passa” (vi essa frase num grupo do Facebook e não sei porque não esqueci mais dela)

Alguém precisa dizer que o rei está nu. Alguém precisa defender o óbvio.

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A Tríade Vitruviana foi apresentada por Vitrúvio como os três elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas – que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura – a utilitas – que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo – e a venustas – associada à beleza e à apreciação estética.

Em outras palavras, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e estável (firmitas), possuir uma função (utilitas) e for, principalmente, bela (venustas).

Note que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos fundamentos mais polêmicos das várias definições da arquitetura.

Os infelizes cidadãos do séculos XXI sabem bem disso.

"""Arquitetura"""

“””Arquitetura”””

Se um aprendiz de arquitetura do século XIX apresentasse uma ideia assim, seria orientado a pedir emprego num açougue

Se um aprendiz de arquitetura do século XIX apresentasse uma ideia assim, seria orientado a pedir emprego num açougue

O problema da Arquitetura Contemporânea não é o estilo; não é o desligamento completo com as tradições clássicas. Não é a hiper-geometrização modernista, ou a super-fragmentação pós-moderna das formas e volumes, ou a irregularidade caótica ou o escultorismo monumental recente;

O problema da Arquitetura Contemporânea é a incapacidade de muitos dos arquitetos contemporâneos de alcançarem composições estéticas atraentes, independente da linha em que trabalham; é a FALTA DE TALENTO para criar algo bonito, atraente, verdadeiramente instigante, e não meramente chocante. É sobretudo, o juízo ideológico que adotam de que a arquitetura não precisa ser bonita e sim, que precisa ser impactante, extravagante.

Queria ser escultor, mas o pai o forçou a escolher arquitetura

Queria ser escultor, mas o pai o forçou a escolher arquitetura

Mas neste caso, se o que se quer é demonstrar extravagância, deve-se fazer como sugeriam os antigos: Quer chamar atenção? Então pinta a bunda de vermelho e sai na rua.

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Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta. Nelson Rodrigues

tá, tipo assim... ... ...

tá, mas… tipo assim… … é que…

~ O novo normal ~

Estilos arquitetônicos antigos duravam séculos.

A arquitetura modernista estrita, sob certo ponto de vista, durou apenas algumas décadas.

Enfim livre da opressão das linhas retas

Enfim, livre da opressão das linhas retas e da obrigação de criar algo inteligível

Depois dela, surgiram nomenclaturas que intentavam diferenciar novos movimentos, do movimento moderno original: orgânica, international style, brutalista, minimalista, high-tech, futurista,pós-moderno, neomoderno.

Cada qual com suas peculiaridades e tal.

Mas esteticamente, praticamente tudo a mesma bosta.

Tudo. A mesma. Bosta

Tudo. A mesma. Bosta

O leigo olha prédios considerados “modernos”, ou “pós-modernos” e mal sabe distinguir o quê é o quê, porque a ~ liberdade criativa ~ atual nivela tudo por baixo. Tudo é arte.

Mas se tudo é arte, a arte nada se torna.

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Da mesma forma, se qualquer coisa pode ser arquitetura, então temos um problema.

VAI CAÍ esta m...rda

VAI CAÍ es-ta m…rda

Modernistas do século XX declararam independência dos ornamentos clássicos, focando na função e na utilidade racional dos edifícios. Ok, vá lá.

Mas provando que não há nada tão ruim que não possa piorar, os pós modernistas declararam independência da racionalidade.

Seagram Building - New York

🖤 Saudade de você, Ludwig 🖤

(Seagram Building – New York)

Eles querem causar.

E conseguiram a proeza de me fazer considerar a arquitetura do século XX algo bem aprazível, até…

♪ subir subir voar voar ♫

♪ subir subir voar voar ♫

Cansei de ser um prédio, agora sou um avião a jato

Cansei de ser um prédio, agora sou um avião a jato

Arquitetos – os Starchitects – estão deslumbrados, completamente desconectados dos anseios do povo comum, que, como bons progressistas que são, pensam defender, pensam que sabem o que é melhor para as pessoas, mas quanto mais agem, mais delas e de seus anseios se afastam.

Fetiche pelo pano de limpeza torcido

Um dia ele viu a mulher da limpeza torcendo um pano de chão e pensou: Acho que isto pode se tornar um edifício

Obras Contemporâneas Bonitas?

Sim. Temos.

Graças a Deus, a maioria das obras acima são poucas, “conceituais”. A maioria dos Arquitetos atuais, apesar de estarem contaminados pelo vírus do ideologismo anti-classicismo, priorizam fachadas minimamente aceitáveis: Residenciais com cara de residenciais.

Fachada de Edifício Residencial Contemporâneo

Fachada Conceitual de Edifício Residencial Contemporâneo

Residencial Arquitetura Contemporânea

Residencial – Arquitetura Contemporânea

estética contemporânea

Conceito – Estética Contemporânea

Certa linha de edifícios contemporâneos vem considerando a necessidade de alguma composição visual pensada para agradar também aos olhos de quem é obrigado a conviver com esses monumentos que ocuparão para sempre o espaço da rua e do ar acima dela, e não só para agradar os bolsos dos empresários que os financiam, nem ao gosto duvidoso dos starchitects.

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