Arquitetura Colonial

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No Brasil, a Arquitetura Colonial é entendida como a arquitetura de influência manifestadamente portuguesa, e adaptações ao clima tropical, realizada no atual território brasileiro desde 1500 até a independência em 1822.

Os mais duradouros exemplos desse estilo são encontrados nas Igrejas e Mosteiros das cidades mais antigas, porém de maneira mais preservada na cidade de Ouro Preto, primeira capital da província de Minas Gerais.

Ouro Preto – Minas Gerais

Durante o período colonial, os colonizadores importaram as correntes estilísticas da Europa, adaptando-as às condições locais, tanto de materiais disponíveis, quanto de mão-de-obra e principalmente, dos poucos recursos disponíveis. Nota-se portanto, no quadro geral das obras coloniais remanescentes, a simploriedade dos traços, fachadas e ambientes.

Praça Dom Pedro II, atual Praça XV de Novembro – Rio de Janeiro, 1895

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Nos edifícios coloniais os traços arquitetônicos sofreram a transição entre os estilos de maneira progressiva ao longo dos séculos, sendo assim, a classificação dos períodos e estilos do Brasil colonial é motivo de debate entre os especialistas.

Centro Histórico de Salvador

As cidades deste período possuíam aspecto uniforme, com ruas delimitadas pelas edificações e sem passeio público. A ausência de vegetação também é uma característica marcante destas cidades.

As tipologias arquitetônicas residenciais eram a casa térrea e o sobrado, ambas construídas sobre os limites laterais e frontais do terreno, com padronização de suas plantas.

Casinha do séc XVIII na Rua do Amparo - Olinda

Casinha do séc XVIII na Rua do Amparo – Olinda

A cobertura era normalmente de telhado em duas águas, com telhas cerâmicas, sendo assim a água da chuva era escoada para a rua e para os fundos do terreno. Era comum a utilização de telhas nas paredes laterais, para evitar problemas de infiltração.

Residências Coloniais em Ouro Preto – MG

A importância do legado arquitetônico e artístico colonial no Brasil é atestada pelos conjuntos e monumentos desta origem que foram declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO. Estes são os centros históricos de Salvador, Ouro Preto, Olinda, Diamantina, São Luís do Maranhão, Goiás Velho, o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo e as ruínas das Missões Jesuíticas Guarani em São Miguel das Missões.

Residências Coloniais em Ouro Preto

Povoamento e Urbanismo

A atividade arquitetônica no Brasil colonial começa a partir da década de 1530, quando a colonização ganha impulso com a criação das Capitanias Hereditárias e a fundação das primeiras vilas.

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O aspecto de Cidade Colonial de Ouro Preto - Minas Gerais

O aspecto de Cidade Colonial de Ouro Preto – Minas Gerais

Outras cidades fundadas no século XVI, como Olinda (1535) e o Rio de Janeiro (1565), caracterizam-se por terem sido fundadas perto do mar, mas sobre elevações do terreno, dividindo-se o povoamento em uma cidade alta e uma cidade baixa. De maneira geral a cidade alta abrigava a parte habitacional e administrativa e a parte baixa as áreas comercial e portuária.

Essa disposição obedeceu a considerações de defesa, uma vez que nos primeiros tempos os assentamentos coloniais corriam constante risco de ataques de indígenas e europeus de outras nações. De fato, quase todas as primeiros povoados fundados pelos portugueses contavam com muros, paliçadas, baluartes e portas que controlavam o acesso ao interior.

Arquitetura colonial casarões com azulejos portugueses

A religião católica fazia parte do cotidiano europeu, e foi, portanto, trazida até o Brasil pelas missões jesuítas. Com ela vieram as edificações religiosas barrocas (igrejas, mosteiros, colégios e conventos) localizadas em locais altos, recebendo destaque na paisagem urbana.

Esta relação privilegiada entre topografia e igrejas também é marcante especialmente em Ouro Preto e no Santuário de Congonhas. Nesta última a igreja de peregrinação se encontra no alto de um morro, precedido por um conjunto de capelas com a via sacra e uma escadaria decorada com estátuas de profetas.

Durante todo o período colonial não houve grandes modificações na configuração urbana das cidades. As edificações residenciais renunciavam a sua individualidade plástica para integrar-se a composição urbana da cidade, deixando o papel de destaque para os edifícios públicos, principalmente as igrejas.

Arquitetos da Arquitetura Colonial

Os responsáveis pelos projetos arquitetônicos da colônia ficaram, em grande parte, no anonimato, até mesmo no caso de alguns grandes conventos e igrejas. Entre os autores conhecidos há religiosos e muitos engenheiros-militares, estes últimos com sólidos conhecimentos teóricos de arquitetura. Outros tinham um conhecimento mais prático, como os mestres-de-obras, mestres-pedreiros e carpinteiros.

Materiais da Arquitetura Colonial

Inicialmente, a arquitetura colonial utilizou as técnicas da taipa-de-pilão e pau-a-pique, de rápida construção e que utilizava materiais abundantes na colônia: barro e madeira. Logo se adotaram também a alvenaria de pedra ou tijolos de adobe para levantar paredes, que permitiam a construção de estruturas maiores e a inclusão de madeiramento para pisos e tetos.

A cantaria era utilizada nos edifícios mais nobres, em geral como reforço nos cunhais (cantos) de edifícios grandes e nas vergas de portais e janelas. Pouquíssimos edifícios foram construídos exclusivamente em cantaria, um exemplo preservado é a Casa-Forte de Garcia d`Ávila na Bahia.

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Mesmo nos séculos seguintes poucas igrejas foram construídas com fachadas integralmente de pedra. Nos primeiros tempos, as coberturas das casas eram feitas simplesmente com palha, como as ocas indígenas, o que ainda subsiste em áreas rurais. A telha de barro foi inicialmente utilizada nos edifícios mais abastados antes de popularizar-se.

Centro Histórico de Salvador

Barroco Brasileiro

A arquitetura de fins deste período são rebuscadas, detalhistas e expressam as emoções da vida e do ser humano. O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, embora com o passar do tempo fosse assumindo características e identidade próprias.

Com o progresso da colonização e o estabelecimento de uma estrutura urbana básica, passou a ser utilizado o adobe e a Cantaria de pedra, com reforços de madeiramento e cobertura de telhas.

Comparado aos séculos anteriores, no século XVIII aumentou a quantidade e qualidade dos edifícios civis, mesmo assim, de maneira geral a arquitetura civil produziu edifícios muito menos vultuosos do que a arquitetura religiosa.

Arquitetura Colonial nas Residências

No inicio da colonização do Brasil, o trabalho que prevalecia era o trabalho escravo, isso delimitava as condições financeiras da época, as cidades eram erguidas com aspectos uniformes, as ruas eram formadas pelas casas, uma espécie de construção em fita e não geminada, e assim iam surgindo as cidades da época. Não existiam por sua vez passeios, e tão pouco existia ao redor das casas espaço para vegetação.

Casa Colonial de Fazenda com Varanda

As casas eram construídas em todo o limite do terreno, tinham características próprias, geralmente eram casas de um pavimento ou sobrados. As telhas de barro eram utilizadas para cobertura das residências e estas eram cobertas com apenas duas águas, uma para trás e uma para frente do terreno, evitando assim infiltração.

Casarão Colonial Típico

Geralmente os sobrados eram de dois ou três pavimentos no máximo, eram de uso misto, embaixo eram feitos comércios, como farmácias e mercearias, e em cima eram utilizadas como residencias. Os materiais utilizados para construção eram primitivas, as paredes eram mais simples, construídas de pau-a-pique, taipa de pilão ou adobe. As poucas mansões da época eram construídas com pedra e barro ou tijolos.

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Sede Fazenda Boa Vista – RJ

Imagem

O urbanismo foi caracterizado pela adaptação do traçado das ruas, largos e muralhas, a topografia acidentada do terreno, como podemos notar em cidades como Ouro Preto, onde as casas se adaptam ao terreno, formando uma unidade com topografia muito acidentada e também a localização estratégica dos edifícios de maior importância, como as casas dos mais ricos, conventos e igrejas.

Sobrado Colonial - Penedo - Alagoas

Sobrado Colonial em área urbana – Centro Histórico de Penedo – Alagoas

Foto: Tereza Galvão

Arquitetura Colonial nas Fazendas

Outra tipologia deste período e não menos importante, eram as casas das fazendas, construídas em áreas mais afastadas do centro urbanos das cidades.

Estes casarões possuíam normalmente dois pavimentos, um alpendre e uma escada de acesso externa. O pavimento do subsolo era usado como uma espécie de cadeia para os escravos. Possuía as quatro fachadas recuadas, já que o terreno era amplo, e telhado em quatro águas, geralmente ficavam em lugares plainos, e eram casas gigantescas.

Varanda típica dos casarões coloniais - 1

Varanda típica dos casarões coloniais

Acima, e abaixo, fotos do Museu do Café Francisco Schmidt, no campus da USP, antigo casarão de fazenda transformado em museu.

Imagens: 12

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Varanda típica dos casarões coloniais

Varanda típica dos casarões coloniais

A arquitetura colonial brasileira apresenta exemplos de riqueza e originalidade, graças ao impulso inicial dado pelos jesuítas, que foram responsáveis pela construção de numerosas igrejas e produziram obras de arte que constituem boa parte da riqueza arquitetônica e artística do país.

Foi, sem dúvida, um período de grande importância na formação do Brasil. Durante mais de três séculos foram construídos prédios de inspiração européia, mas adaptados ao clima e à vida nos trópicos. Alguns hoje ainda se mantêm – uns em ruínas, outros poucos em pleno uso.

Arquitetura Colonial nas Igrejas

As igrejas eram construídas de duas formas, com alvenaria de pedra, empregando-se elementos decorativos nas fachadas; e aquelas em taipa e estrutura de madeira, com exuberantes interiores pintados e dourados.

As igrejas em alvenaria de pedra exibem movimento nas plantas e nas fachadas, harmonizando suas torres sineiras de planta circular com as superfícies curvas salientes nas fachadas.

Igreja Matriz de São Cosme e São Damião

Igreja da Graça

Mosteiro de São Bento

Igreja da Glória – Rio de Janeiro

Igreja Nossa Senhora do Pilar

Igrejas – Mariana – Minas Gerais – Brasil

Igreja de São Francisco de Assis – São João Del Rei – Minas Gerais – Brasil

Igreja São Francisco de Assis

Principais características da arquitetura colonial brasileira

  • Forte influência de estilo arquitetônico português da época.
  • Na construção de residências era muito utilizada a técnica da taipa de pilão (barro misturado com pedras pequenas).
  • Muitos Fortes (com objetivos militares) foram construídos no litoral brasileiro. Eram feitos, geralmente, de pedras e cal. Tinham formatos de castelos, com presença de torres.
  • As igrejas também se destacaram muito na arquitetura colonial brasileira. No início da colonização eram simples capelas. Na época do Barroco (séculos XVII e XVIII) passaram a ser imponentes construções com lindas e detalhadas decorações internas (pinturas, entalhes e esculturas de imagens cristãs).
  • Podemos destacar também a construção das residências dos senhores de engenho, que eram conhecidas como casas-grandes. Possuíam vários cômodos, portas grandes e varandas com alpendres.

Saiba Mais

MONTEZUMA, Roberto. “Arquitetura Brasil 500 anos”. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2002.

REIS FILHO, Nestor Goulart. “Quadro da Arquitetura no Brasil”. São Paulo: Perspectiva, 1987.

PDF da PUC de Goiás sobre Arquitetura Colonial

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Arquitetura Colonial no Brasil

 

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