Arquitetura Gótica

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Arquitetura gótica é um estilo arquitetônico que entende-se como evolução da arquitetura românica e que precede a arquitetura renascentista. Surgiu no norte da França durante a Alta Idade Média (900–1300) entre os anos aproximados de 1050 e 1100.

À época se chamava “Obra Francesa” – Opus Francigenum – embora a Catedral de Dublin na Irlanda fundada no ano 1030 já poderia ser classificada como pré-gótico. O termo gótico só apareceu na época do Iluminismo nos séculos XVII e XVIII. O termo foi cunhado possivelmente por Giorgio Vassari (1511-1574), durante o Renascimento, como uma forma pejorativa em relação ao estilo clássico. O gótico era considerado um estilo bárbaro, “monstruoso”, cujo nome era derivado dos godos, grupo germânico que vivia ao norte da Europa. Porém, a partir do século XVIII, houve um processo de reavaliação do estilo, inicialmente na Inglaterra e posteriormente na França, Alemanha e Itália.

Com o gótico, a arquitetura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura autêntica, ou seja, sem influência externa que não seja a própria orige romana ancestral. As abóbadas cada vez mais elevadas e maiores, não se apoiavam em muros e paredes compactas e sim sobre pilastras ou feixes de colunas. Uma série de suportes que eram constituídos por arcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo externo o peso excessivo das abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios góticos e foram substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno.

Vitrais da Sainte-Chapelle - Paris

Vitrais da Sainte-Chapelle – Paris

O estilo gótico ficou marcado em muitas catedrais europeias, entre elas a de Notre-Dame, Chartres, Colônia, Amiens e Santa Maria del Fiore, a maioria classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO, todas construídas entre os séculos XII e XIV. Muitas catedrais góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade. O surgimento do estilo gótico está também ligado a substituição do trabalho servil pelo trabalho livre no setor da construção medieval, que deve ter estimulado a criatividade dos construtores da época.

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Características da Arquitetura Gótica

A seguir um resumo das características gerais encontradas nas obras góticas:

Diferente da arquitetura românica que possuía geralmente apenas um portal, a entrada das obras góticas possuíam três portais que davam entrada para o interior da igreja;

Todas as igrejas do século XII e XIV têm a rosácea, uma janela redonda encontrada no portal central;

Tudo é voltado para o céu, para Deus; por exemplo, as torres que possuem pontas agulhadas e a enorme altura das catedrais;

Os arcos góticos ou ogivais permitiram a construção da abóbada de nervuras, assim como os pilares, que proporcionaram paredes menos grossas para suportar a estrutura. Com a utilização desses arcos as igrejas puderam ser mais altas;

Uso dos vitrais;

Os tímpanos eram trabalhados minuciosamente com esculturas que narravam histórias e as colunas eram outro fator que atraía a atenção de um visitante;

Uso do arcobotante, arcos que transmitem o peso de uma abóbada para contrafortes externos.

Origens

A arquitetura gótica se desenvolveu no contexto da escolástica. Esta foi um pensamento que buscava unir o cristianismo com o pensamento racional, principalmente o oriundo da Grécia Antiga.

Por volta do século X o poder real estava em crise e a Europa, portanto, enfraquecida em seu sistema social corrente, o feudalismo. As regiões da França atual estavam ameaçadas de invasão e o povo buscava refúgio nas poucas e precárias fortalezas que ainda se encontravam erigidas. Durante este período foram criadas esculturas, pinturas e outros meios artísticos exibindo o pânico pressentido pela população.

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Neste período, como a profecia católica não se realizou (o fim do mundo no ano 1000), ocorreram uma série de fatos históricos como a construção das primeiras universidades na década de 1080, as Cruzadas e o enfraquecimento do feudalismo. Neste período surge um novo estilo artístico, arquitetônico e cultural, baseado nos estilos romanos, mas que eram combinados com as novas características locais: o Opus Francigenum (“Estilo francês”).

A partir do ano de 1127, já era possível encontrar catedrais sob este gênero arquitetônico e assim, logo o Estilo Francês já se encontrava espalhado por toda a Europa Medieval. Na França, a primeira catedral construída com o novo estilo foi a Basílica de Saint-Denis, localizado na região de Île-de-France, onde hoje fica Paris.

Alguns anos após, o poder feudal é derrotado e o poder real toma a Europa novamente. Com o retorno da monarquia a população adquire mais influência e para comemorar a série de fatos e acontecimentos, buscavam nas igrejas e catedrais suntuosas uma forma de reafirmar seu poder. Como o estilo arquitetônico românico era formado por pouca iluminação, os europeus buscaram o estilo francês (que é uma evolução arquitetônica da romana) para construir as novas catedrais e igrejas.

Até a atualidade, a arquitetura gótica ficou conhecida por ser encontrada com mais frequência nas grandes catedrais e em outros estabelecimentos eclesiásticos construídos ainda no início do período medieval, período em que a igreja católica exercia grande influência em toda Europa.

Durante o período gótico — séculos XII a XV — o poder religioso buscava comunicar sua “importância” através das estruturas de igrejas, catedrais e abadias através da grandiosidade dimensional presente na arquitetura gótica.

Elementos Arquitetônicos Góticos

Como a arquitetura gótica foi uma evolução da arquitetura românica, foram desenvolvidos alguns elementos que ajudaram nas construções góticas, como o arco de ogiva (ou quebrado) e a abóbada de cruzaria, que tornaram-se as principais características do estilo arquitetônico. Geralmente, a fachada das estruturas góticas busca seguir a verticalidade e a leveza e no interior, busca um ambiente iluminado.

Planta arquitetônica

A planta de uma catedral com arquitetura gótica é pouco diferente de uma catedral encontrada antes do surgimento do estilo gótico. Geralmente, as catedrais possuem a aparência semelhante a uma cruz latina (crucifixo), onde situa-se a nave, os transeptos e o coro; na parte inferior da “cruz” fica localizada a nave central circundada por naves laterais; na faixa horizontal havia os transeptos e o cruzeiro; na base da nave tinha-se uma fachada principal. Existem também torres, porém localizadas em partes variadas.

Planta Arquitetônica Gótica

Planta Arquitetônica Gótica

Arcos de ogiva ou ogivais

Os arcos de meia circunferência que haviam sido usados em igrejas e catedrais de arquitetura românica faziam com que todo o peso da construção fosse descarregado sobre as paredes, obrigando um apoio lateral resistente como pilares maciços, paredes mais espessas, poucas aberturas para fora tornando, consequentemente, o interior das estruturas eclesiásticas mais escuras e cada vez menos agradável.

Arco Ogival

Arco Ogival

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Este arco foi substituído pelos arcos ogivais (também chamados de arcos cruzados e arcos quebrados). Isso dividiu o peso da abóbada central, consequentemente, descarregando-a sobre vários pontos, ao invés de um e também, podendo usar material mais leve para a abóbada ou mesmo para as bases de sustentação. No lugar dos sólidos pilares, foram usados colunas ligeiramente afinadas que passaram a receber o peso da abóbada. Deste modo, as paredes foram perdendo a importância como base de sustentação, passando a serem feitas com materiais frágeis como o vidro. Passaram a ser usados então, belos vitrais coloridos, dando origem a tão necessitada luminosidade no interior de igrejas e catedrais.

Abóbadas em cruzaria

As catedrais românicas possuíam um sistema estrutural baseado em espessas paredes e abóbadas semicirculares localizadas logo abaixo do telhado.

Abóbadas com Cruzarias

Abóbadas com Cruzarias

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Estes sistemas estruturais deveriam ser espessas e com poucas aberturas, pois resistiam à esforços verticais e esforços horizontais, gerados pelo telhado, abóbada e por fortes ventos. Como o estilo arquitetônico gótico seguia as doutrinas religiosas da época, era necessário que as catedrais fossem exuberantemente altas, grande luminosidade e uma plena continuidade entre o início de seus pilares e o cume de suas abóbadas. Durante o auge da arquitetura gótica uma das principais características deste estilo arquitetônico foram as abóbadas ogivais, ou seja, com formato pontiagudo.

Iluminação

Considerada uma arquitetura ‘de paredes transparentes, luminosas e coloridas’, a arquitetura gótica considera o vitral um importante elemento, pois cria uma atmosfera mística que deveria sugerir, na visão do povo medieval, as visões do Paraíso, a sensação de purificação. Os raios solares são filtrados pelos vitrais e rosáceas, criando no interior da estrutura gótica, um ambiente iluminado e colorido e também, transmitindo aos fiéis religiosos uma sensação de êxtase.

Iluminação Gótica

Iluminação Gótica

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Os vitrais apresentavam simples formas geométricas ou mesmo imagens de santos ou passagens bíblicas. Para obter-se um vitral na época, era necessário que um artesão realizasse um processo de coloração da peça de vidro. Durante este processo, o vidro cru era misturado a outros componentes químicos que determinavam a respectiva tonalidade, durante a fase de derretimento. Este processo mantinha o vidro com um tom de cor sem que bloqueasse os raios solares. Após este procedimento o vidro era aquecido e moldado.

Assim como os vitrais, as rosáceas visam estabelecer um ambiente iluminado no interior das estruturas góticas, porém possuem algumas características diferentes. Estão localizadas, geralmente, em um local alto nos estabelecimentos eclesiásticos, geralmente em regiões próximas ao portal das fachada principal a Oeste ou mesmo no transepto, em pelo menos um de seus extremos. Assim como a arquitetura gótica no geral possui uma relação com a religiosidade, as rosáceas fazem alusão à personagens cristãos como Jesus Cristo – representado pelo sol – e Maria – representada pela rosa.

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Suportes exteriores

Ao contrário das espessas paredes da arquitetura românica, a arquitetura gótica é constituída por paredes finas e geralmente possuidoras de enormes vitrais e rosáceas. Para que a estrutura eclesiástica fique elevada é necessário usar dois elementos que servem como suporte: o contraforte e o arcobotante.

Contra-fortes e Arcobotantes

Contrafortes e Arcobotantes

O contraforte fica posicionado em um ângulo reto em relação à estrutura gótica contra a parede lateral e eleva-se a uma altitude considerada alta, em um enorme grau de perfeição. O peso do contraforte neutraliza a pressão causada pelas abóbadas. O arcobotante possui uma caixilharia diagonal de pedra, escorado ao lado pelo contraforte posicionado próximo à parede e por outro lado pela claraboia da nave. Deste modo, o arcobotante dirige o peso lateral das abóbadas, e associado aos contrafortes, possui uma força enorme. Graças à estes dois suportes, foi possível construir catedrais, basílicas, igrejas e capelas exuberantemente altas, com muitos vitrais e rosáceas.

Verticalismo e majestade

Outra característica importante das estruturas eclesiásticas góticas é o verticalismo, ou seja, sua elevada altitude. No interior e exterior das construções góticas, os elementos arquitetônicos apontam para o céu. Um exemplo conhecido são os arcos ogivais, que são pontiagudos e possuem a impressão de uma seta apontada para cima.

Para o alto e além

Para o alto e além

Este verticalismo da arquitetura gótica tenta exibir-se cada vez mais próxima de Deus e destacar sua magnificência dentro de sua respectiva cidade como uma clara referência religiosa. Em uma visão geral, as catedrais sofreram rivalidade entre vários centros urbanos que possuem edifícios com proporções superiores.

Gárgulas e esculturas santas

Embora sua temática seja diferenciada da arquitetura, as esculturas góticas e as gárgulas estão muito presente nas catedrais e outros estabelecimentos eclesiásticos.

Como elemento arquitetônico, as gárgulas possuem a função de escoar as águas pluviais da cobertura e telhado dos edifícios góticos, impossibilitando-a de escorrer pelas paredes exteriores, degradando o local. Existem também opiniões diferentes sobre o elemento. Uma delas é que as gárgulas não servem para esta função de escoar a água e sim apenas para decorar o ambiente.

Gárgulas

Gárgulas

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A opinião mais controversa é de que as gárgulas sirvam para proteger os templos e durante o período da noite criam vida. Este obscuro boato colaborou para que as pessoas passassem a acreditar que as gárgulas serviam também para afastar os maus espíritos, imagem que se consagrou e é recitada pelos guias de turismo em toda a Europa. As esculturas de gárgulas representam seres conhecidos como quimeras.[21][22]

Esculturas de um dos portais da Catedral de Notre-Dame de Paris
Além das gárgulas e esculturas grotescas, existem outras esculturas religiosas presentes na arquitetura gótica. Através destas, eram expressadas a fé e religiosidade que o povo europeu sentia. Os caracteres esculturais seguem o fundamento gótico do verticalismo e são, majoritariamente, encontrados em portais e colunas. As esculturas, muitas vezes, representam personagens bíblicos como a Virgem Maria e alguns santos.[23][24]

Outros elementos arquitetônicos

A arcada por exemplo, não possui uma função específica, serve apenas como elemento arquitetônico decorativo. As arcadas, como o próprio nome revela, são arcos ogivais (na arquitetura gótica) posicionados em sequência, geralmente próximo aos claustros.

O florão está situado em uma extremidade exterior e elevada dos edifícios góticos. Como o próprio nome revela, o elemento representa uma flor e possui apenas utilidades decorativas.

O tramo é formado por uma abóbada e seus elementos de descarga de peso; no sentido transversal é formado por dois arcos torais ou dobrados, longitudinalmente por dois arcos formeiros que separam a nave principal das laterais e por arcos cruzeiros que formam as arestas ou nervuras da abóbada.

Já o cogulho é representado por uma pedra que faz alusão à folhas estilizadas.

Exemplos do Estilo Gótico

As igrejas, as catedrais, as basílicas e os mosteiros são as principais referências da arquitetura gótica. Por isso, a arte gótica é também conhecida como a “arte das catedrais”.

Exemplos de construções medievais com arquitetura gótica:

– Catedral de Amiens (França)

Catedral de Amiens

Catedral de Amiens

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– Catedral de Chartres (França)

Catedral de Chartres

Catedral de Chartres

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– Catedral de Notre-Dame (França)

Catedral de Notre Dame

Catedral de Notre Dame

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– Catedral de Colônia (Alemanha)

Catedral de Colonia

Catedral de Colonia

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– Catedral de Reims (França)

Catedral de Reims

Catedral de Reims

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– Catedral de Santa Maria del Fiore (Itália)

Santa Maria del Fiore

Santa Maria del Fiore – Gótico Renascentista

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– Catedral Saint Etienne in Metz (França)

Catedral de Saint-Etienne em Metz

Catedral de Saint-Etienne em Metz

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– Catedral de Santo Estêvão (Áustria)

Catedral de Santo Estevão

Catedral de Santo Estevão

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– Catedral de Sevilha (Espanha)

Catedral de Sevilha

Catedral de Sevilha

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– Catedral de Toledo (Espanha)

Catedral de Toledo

Catedral de Toledo

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Arte Gótica

Escultura Gótica

Estando relacionada à arquitetura, nas grandes igrejas, é um manifestação artística que enriquecia mais as construções. Os ensinamentos eram dados muitas vezes através delas. As obras que se destacam são a estátua do Cavaleiro Medieval, mostrando a cultura da cavalaria e os seus traços. Encontramos algumas esculturas assinadas, no século XIII, como por exemplo, as de Giovanni Pisano, um artista italiano que esculpiu várias esculturas em igrejas. Um dos exemplos de suas obras está na escultura da Virgem e o Menino, livre de colunas ou qualquer outro suporte.

Manuscritos ilustrados e iluminura

Dentre os objetos preciosos, durante o século XII até o século XV, surgiram os manuscritos ilustrados. Em pergaminhos de livros, eram feitas as ilustrações. Eram elaborados com delicadeza e passavam por uma técnica especial.

Esses manuscritos eram preparados, principalmente, para os burgueses e aristocratas, representantes da classe rica da época. Eram feitas por artistas leigos nos mosteiros e estavam relacionadas aos livros da Bíblia. Uma delas foi a Bíblia chamada de moralizada, que possuía algumas passagens, compostas por ilustrações.

Pinturas Góticas

Às vésperas do Renascimento, a pintura gótica surgiu nos séculos XII, XIV e início do século XV. Geralmente, as pinturas buscavam representar os seres com realismo e tratavam de temas religiosos. Os principais artistas do período foram os que deram início à pintura do Renascimento:

Giotto – os santos eram reproduzidos como seres humanos com simplicidade. A visão humanista, na qual o homem é o centro de todas as coisas, começava a surgir nas pinturas dos artistas. As obras mais importantes foram os Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis, localizada na Itália e o Retiro de São Joaquim entre os Pastores.
Jan Van Eyck – ele retratava a vida da sociedade da época, registrando as paisagens urbanas e as suas características e detalhes. As obras mais importantes são O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.

Saiba mais

Wikipedia

História da Arte

História do Mundo

História com Gosto

Referências

História Ilustrada da Arquitetura, Emily Cole, Publifolha, 2012

 

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