Ideologia nas Faculdades de Arquitetura

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O depoimento abaixo de Pedro Alírio foi encontrado nesta página.

Não foi pra projetar isso que seu pai pagou sua faculdade

Um amigo meu está sofrendo uma odiosa censura em sua faculdade. Ele estuda arquitetura e tem predileção pelos estilos tradicionais e clássicos. Ele é um jovem estudioso, conhece muitos estilos ocidentais e em vários casos consegue diferenciá-los por década, até para estilos de pouca disseminação.

O que está acontecendo é que os professores simplesmente não o deixam entregar seus trabalhos em estilos tradicionais, ameaçando-o com reprovação. Os argumentos são os esperados: pastiche, anacrônico, etc. Ele os confrontou com toda a produção recente de projetos tradicionais, que vem crescendo no mundo desenvolvido, mas não obteve sucesso.

Então, muito consternado com essa situação, veio falar comigo sobre como proceder. Conversamos um bocado, pensamos se valeria a pena montar um barraco na direção ou na reitoria, mas depois de muita conversa ele decidiu abrir inbox com os arquitetos tradicionais estrangeiros que têm página aqui no Facebook. Surpreendentemente, a maioria desses arquitetos, gente importante, de carreira estabelecida, respondeu. Alguns desses arquitetos são tradicionalistas intransigentes, outros tem projetos modernos no portfolio. Uns fazem igrejas, outros casas. Todos, entretanto, deram uma resposta parecida: “eu sofri esse mesmo tipo de perseguição na faculdade, e o melhor a fazer é entregar o que eles querem e ir fazer seu trabalho em arquitetura tradicional depois que pegar o diploma.”

Para quem não sabe, a arquitetura tradicional está ressurgindo com força no primeiro mundo. Já existe até uma universidade especializada nisso; já foram erguidas pequenas cidades sob seus princípios. Por mais que o moderno siga dominante, esses arquitetos tradicionais estão simplesmente oferecendo um serviço pelo qual muita gente se interessa e revivendo uma tradição que foi apagada no mundo (com muito mais força no Brasil). Esses arquitetos tem um interesse genuíno e não meramente comercial nesses estilos, pois os projetos costumam sair muito bem feitos, sem a vulgaridade típica dos espigões “neoclássicos” que apareceram recentemente no Brasil.

Sabe em que vai resultar essa história? Meu amigo vai entregar qualquer coisa moderna para os professores pararem de encher-lhe o saco e vai sair 10x mais puto da faculdade, saindo 10x mais engajado na promoção dos estilos tradicionais.

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